A burocracia esta morta, viva a burocracia
Condenado como anacrônico e ineficaz, o modelo de gestão surgido no século 19 ainda pode ser útil para muitas empresas
Por Thomaz Wood Jr.
Imagine a cena! Local: sala de reuniões de uma inovadora empresa brasileira. Os presentes são todos jovens executivos, vigorosos empreendedores que fizeram a empresa crescer aceleradamente nos últimos anos. O encontro corre tranqüilo, entre comentários sobre o andamento de projetos, a evolução da rentabilidade e conquistas de market share.
Então, pouco antes do encerramento, o presidente toma a palavra e muda o tom exageradamente otimista da reunião. Segue‐se um pequeno relatório sobre as dificuldades com a estrutura organizacional, a lentidão na tomada de decisão e a falta de disciplina na implementação de decisões estratégicas. No final, afirma, taxativo: "Senhores, precisamos implantar um modelo burocrático na empresa!"
Não pense o leitor que a cena se desenrolou na década de 40 ou 50. Estamos mesmo falando do ano 2000. Então poderia alguém pensar: quem, fora administradores públicos saudosistas, pensaria hoje em implantar um modelo burocrático na empresa? Às vésperas do século 21, tal idéia soa estapafúrdia, e certamente condenaria o postulante a olhares de descrédito e reprovação. Afinal, burocracia virou sinônimo de lentidão, apatia e ineficiência.
Porém, por mais exótico e fora de época que pareça, o velho modelo, descrito como sinônimo de eficácia e eficiência por Max Weber no longínquo século 19, pode ainda ser útil para as empresas. É o que propõe Paul Adler, um professor da Universidade do Sul da Califórnia, em artigo recente publicado na Executive, revista de gestão editada pela prestigiada Academy of Management americana.
Nos últimos anos, não foram poucos os executivos que moveram montanhas para tornar suas empresas mais aptas a sobreviver num ambiente cada vez mais complexo e turbulento. Entre avanços e retrocessos, não faltaram gerentes‐heróis