A BORRACHA NA AMAZ NIA
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A BORRACHA NA AMAZÔNIA : EXPANSÃO E DECADÊNCIA 1850 – 1920 Capitulo dois
Antes da expansão
As elites regionais aderiram cegamente e em massa ao negócio da borracha, desprezando projetos de longo prazo para o desenvolvimento da região. Em 1854 o presidente (como eram chamados os governadores) do Pará condenara com veemência "o emprego quase exclusivo dos braços na extração e fabrico da borracha, a ponto de ser preciso actualmente receber de outras Províncias gêneros de primeira necessidade". E concluía: "Isto constitui certamente um mal". Domingos Soares Ferreira Penna, funcionário do governo, denunciou aquela "abominável indústria" e concluiu que "a extração da borracha não é fatal apenas para o seringueiro; seus efeitos perniciosos (...) recaem sobre outros ramos de indústria, sobre a riqueza e civilização no interior da província". Como podemos explicar tais reações desanimadoras em face do crescimento das exportações de borracha bruta? Uma explicação é a crença generalizada de que as atividades extrativas, tal como a coleta da borracha, não podiam constituir a base de uma ordem social e econômica estável. As chamadas classes conservadoras valorizavam empresas agrícolas, assentamentos permanentes de colonos, fontes seguras de riqueza, e um processo "de desenvolvimento social". Dificilmente o comércio da borracha seria compatível com qualquer um desses objetivos. Em 1887, o barão de Marajó defendeu planos de colonização argumentando que "um agricultor será mais útil para nós do que dez ou vinte seringueiros". No mesmo sentido, o fundador da Sociedade Paraense de Imigração sustentou que "a indústria extrativa, que serve apenas para avolumar os cofres públicos, não dá, nem pode dar à população amazônica a felicidade a que tem jus". Os primeiros governadores republicanos do Pará liberaram generosas verbas para assentamentos agrícolas. A maior parte destes projetos foi mal concebida e infrutífera, mas eles apontam que as