A Balaiada
De uma população de cerca de 200 mil habitantes da província, noventa mil eram escravos. Eram frequentes as manifestações da resistência servil e as fugas deram origem a numerosos quilombos. A pecuária extensiva, importante atividade econômica da região, formou uma camada de homens livres pobres, os sertanejos. O próprio enfraquecimento da economia exportadora desenvolveu as atividades de subsistência e debandou a população. Essa camada popular era utilizada pela elite como ferramenta de luta nas brigas pelo poder. A Balaiada surgiu através do acirramento desses embates.
Os Bem-te-vis, liberais, eram perseguidos politicamente pelos Cabanos, conservadores, que estavam no poder e tinham o apoio do governo central. Quando um subprefeito deu ordem de prisão a um vaqueiro, irmão de Raimundo Gomes, um dos líderes da Balaiada, desencadeou-se a revolta que rapidamente espalhou-se pela província. Os bem-te-vis tentaram se aproveitar politicamente da revolta, mas as condições sociais citadas acima fizeram com que o movimento escapasse do controle das elites e assumisse um perfil popular que deixou os grupos dominantes em pânico.
Os bem-te-vis recuaram e tentaram uma conciliação com o governo central. A liderança passou para as mãos populares de um pobre fabricante de balaios, Manuel Francisco dos Anjos Ferreira (por isso o nome de Balaiada), do vaqueiro Raimundo Gomes e do negro Cosme Bento das Chagas, os verdadeiros líderes da rebelião. As lutas se estenderam pelo