A AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR:
EFEITOS DE SENTIDO E POLISSEMIA
Nelci Janete dos Santos NARDELLI
Ao se considerar a perspectiva de que os sentidos são regulados socialmente, por mais que os discursos e as ações possam parecer os mesmos, eles produzem efeitos de sentidos distintos, conforme o lugar ou a posição que o sujeito ocupa, pois o sentido não se depreende apenas da materialidade discursiva, mas de uma série de relações a serem estabelecidas entre o enunciado, o enunciador e as condições de produção que envolvem a enunciação.
Em se tratando de discursos que emergem em ambientes educacionais (ou políticos), essa perspectiva não poderia ser diferente, pois, assim como a própria sociedade, esses ambientes não são constituídos por indivíduos livres e únicos, já que esses devem aderir a uma ou outra posição que existe, independentemente deles ou de suas vontades, posições essas que demarcam seu espaço e determinam como devem agir e se portar diante de uma determinada situação; fator que, no máximo, permite que a liberdade do indivíduo seja a escolha de em que posição ele prefere estar e, então, defender ou se submeter aos ideais ali propostos.
A educação superior é gerida por instituições e é, portanto, parte intrínseca dessa sociedade que, por se dividir em interesses antagônicos de diferentes grupos sociais, os quais produzem discursos contrários entre si, adota a prática de sancionar normas que visam, em teoria, primar pelo princípio da isonomia e da igualdade, normatizando suas práticas como forma de controle e de orientação de suas ações, conforme se observa na concepção de Berger (2004, p.105), o qual considera que as instituições sociais “moldam nossas ações e até mesmo nossas expectativas [...] a sociedade dispõe de um número quase infinito de meios de controle e coerção”; assim, o comportamento dos indivíduos acaba sendo determinado, de uma forma ou de outra, pela sociedade.
As divergências de opiniões acerca das determinações impostas