A atitude de marketing na produção hortofrutícola
Domingos P. F. Almeida
Secção Autónoma de Ciências Agrárias
Faculdade de Ciências
Universidade do Porto
Um mito moderno
Há uns anos a esta parte tem-se ouvido dizer que o importante não é saber produzir, é saber vender. Este aforismo tem-se insinuado em todos os sectores relacionados com a actividade agrária, repetido por políticos e agricultores, por estudantes e docentes de cursos superiores. Esta afirmação, de tão frequente, encontra-se desenraizada e é propagada sem critério, tendo-se tornado num mito com consequências negativas. Boas empresas de indústria e serviços sabem que
“um bom produto vende-se a si mesmo”. Não descurando a logística da distribuição e a comunicação com o consumidor, o que é realmente importante é saber produzir um bom produto. Vendê-lo tornar-se-á fácil.
É também frequente ouvir-se que se deve apostar na qualidade dos produtos, sem que normalmente se caracterize a dita “qualidade”. O que, aliás, não é tarefa fácil.
Convém no entanto ter presente que existe uma notável diferença entre a noção de qualidade do ponto de vista do produtor, dos distribuidores e a qualidade que é percebida pelo consumidor. Um produtos só poderá ter sucesso no mercado que tiver “qualidade” para todos os intervenientes na fileira. No entanto, não descurando aspectos relacionados com qualidade a montante, um bom produto é aquele que o consumidor deseja.
Neste artigo defendo que é necessário adoptar a atitude de que o que é importante é saber produzir aquilo que os consumidores desejam e que as frutas, legumes, flores e plantas ornamentais são os produtos agrícolas onde é mais fácil e vantajoso adoptar uma atitude de marketing.
Uma questão de atitude
A atitude das empresas face ao mercado pode ser classificada em quatro eras distintas.
Uma primeira, chamada Era da Produção é caracterizada por uma preocupação de
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Publicado na revista Vida Rural com a seguinte referência: