A Arte Filosófica
Rodrigo S. de Oliveira
Qual é a fronteira da filosofia com a arte? Ou filosofia e arte se confundem? Algumas pessoas afirmam que a filosofia deveria ser encarada como uma forma de arte, talvez Nietzsche seja o mais famoso deles, embora, claro, ele tivesse um conceito de filosofia diferente do que comumente se diz ser filosofia. O problema de fundo aqui é: se assumimos que a filosofia é uma substituta da religião, ou seja, assume o campo ocupado por ela, apenas numa relação diferente com esse campo, ao invés de contemplar busca conhecer e usa como critério de justificação não a autoridade da tradição, mas a dúvida e a reflexão. Ora a arte parece ocupar ao menos parte desse campo, assim parece que ela também estaria numa relação de concorrência com a filosofia e a religião, Nietzsche parece sugerir algo assim. Como se distingue filosofia e arte então?
Precisaremos de um conceito de filosofia para compará-la com a arte. Iremos fazer apontamentos gerais sobre a filosofia, tal como a entendemos: a filosofia se expressa linguisticamente e nela nós tomamos algo por verdadeiro, ela expressa proposições, sentenças com valor de verdade e busca fundamentar ou justificar essas proposições. Mesmo as concepções que negam que existam proposições filosóficas, visam fundamentar suas afirmações. Assumimos que existem proposições filosóficas.
O campo da filosofia pode se chocar com o da arte, assim como se choca com o da religião: um mesmo enunciado moral, por exemplo, “não se deve matar”, pode ocorrer em um texto religioso e também em um texto filosófico, esses campos diferem um do outro na questão da legitimação ou da justificação: a legitimação religiosa é “Deus ordenou” que recorre à palavra revelada e a filosófica é feita através de uma fundamentação pela razão.
A arte, pode concorrer com a religião e a filosofia em alguns campos, como a moral, nós podemos assumir que o teatro pudesse ter uma função moral, ou que a literatura tenha essa função moral, como