A aritmética da Emília
(...)
Dona Benta, estava conversando com as crianças, quando a campainha toca e ela se levanta para ver quem estava lhe procurando:
─ Que é que quer rapaz?
─ É que eu vim trazer para a senhora um presente que o coronel mandou. São duas melancias.
─ Traga-as aqui! ─ disse dona Benta, mas Narizinho e Pedrinho já haviam corrido na frente e vinham voltando com as duas melancias.
─ Faca, tia Anastácia! ─ gritou Emília. ─ Faca bem amolada e uma bandeja, depressa!
─ Quer que parta, Sinhá? ─ perguntou.
Dona Benta respondeu que sim, e com muita habilidade Anastácia picou a melancia em doze fatias.
De repente, Visconde interrompeu a conversa e continuou com sua aula sobre aritmética:
─ Ótimo! Está melancia veio mesmo a propósito para ilustrar o que ia dizer. Ela é um inteiro. Tia Anastácia picou-a em pedaços, ou frações.
Na voz de presente, o respeitável público abandonou o circo do
Visconde para ir ver o que era.
— E onde está o que você trouxe?
— Eu vim a cavalo. Está na garupa, num picuá. São duas melancias. Se na voz de presente o espetáculo fora interrompido, na voz de melancia, e ainda mais duas, o espetáculo acabou duma vez. Quem quer saber de Aritméticas quando tem melancias para comer?
— Traga-as aqui! — disse Dona Benta, mas Narizinho e
Pedrinho já haviam corrido na frente e vinham voltando com duas melancias das rajadas, de quase uma arroba cada uma. Vinham arcados. — Faca, Tia Nastácia! — gritou Emília. — Faca bem amolada e uma bandeja, depressa!
Tia Nastácia apareceu à porta da cozinha para ver do que se tratava e logo depois entrou no circo de faca na mão e bandeja.