A aprendizagem segundo Freud
Capítulo 3
O DESEJO DE SABER:
Uma teoria freudiana da aprendizagem Anna Freud buscou transmitir aos educadores uma noção daquilo que seria, para Freud, o desenvolvimento da criança. Pode-se, atualmente, fazer o mesmo, tendo-se em mente todas as ressalvas feitas e centralizando a discussão em aspectos menos considerados até agora. Ao invés de abordar, como foi feito até hoje, o desenvolvimento da criança em termos de fases psicossexuais (oral, anal etc.), pode-se adotar um outro caminho. O que poderia, para Freud, o fenômeno da aprendizagem? Em outras palavras, o que, no entender de Freud, habilita uma criança para o mundo do conhecimento? E, finalmente, em que circunstâncias essa busca do conhecimento se torna possível? Sobre o tema aprendizagem, especificamente, não vamos encontrar nenhum texto escrito por Freud. Suas preocupações eram predominantemente as de um clínico interessado em livrar as pessoas de peso das neuroses (embora ele tenha descoberto depois que se pode, no máximo, livrar alguém de seus sintomas e que, no caso das neuroses, pode-se apenas atenuá-Ias!), No entanto, Freud, por sua própria posição frente ao conhecimento, gostava de pensar nos determinantes psíquicos que levam alguém a ser um "desejante de saber”. Nessa categoria incluem-se os cientistas, que devotam a vida à pergunta por quê, e as crianças, que, a partir de um determinado momento, bombardeiam os pais com por quês. Abordar esse tema a partir de uma perspectiva freudiana é, antes de mais nada, buscar resposta para a seguinte pergunta: o que se busca quando se quer aprender algo? Só a partir dela pode-se refletir sobre o que é o "processo de aprendizagem, pois o processo depende da razão que motiva a busca de conhecimento. Por que a criança pergunta tanto? A criança que pergunta por que chove, por que existem noite e dia, por que... e todo o resto, responde Freud, está na verdade interessada em dois porquês fundamentais: por que nascemos e por que