A antropologia de Buell Quain
Resenha do Livro Nove Noites de Bernardo de Carvalho
Em Nove noites, entramos em contato não apenas com a história do antropólogo Buell Quain e com os acontecidos que o levaram a se suicidar, mas também com todo o meio em que a personagem se encontra inserida. Além do narrador, que em sua intensa procura nos leva a refletir e acompanhar as mudanças da sociedade, principalmente em relação às tribos indígenas. O romance de Bernardo de Carvalho, ao misturar fatos e personagens da antropologia comtemporânea, como o próprio Buell Quain, nos coloca em contato com vários dos mais célebres antropólogos do século XX, como Franz Boas e Claude Lévi-Strauss, responsáveis por um intenso estudo sobre as tribos indígenas brasileiras. As abordagens de estudo dos dois antropólogos se encontra em debate na obra, com o antropólogo americano Buell Quain, formado de acordo com os métodos de Franz Boas, e os métodos de Lévi- Strauss, existentes na abordagem dos antropólogos do século XXI. Com relação aos métodos criados pela escola americana de antropologia, utilizados por Quain, durante seu tempo de estudo sobre as tribos indígenas no Brasil em 1939, podemos citar a tentativa de criar o menores laços possíveis, não exercer influência e não ser influenciado, tendo o papel apenas de observador, como maneira de não corromper a sociedade estudada. Já o casal de antropólogos citados pelo narrador, adeptos dos métodos da escola francesa de antropologia, acreditam que o contato e a troca de elementos culturais com os indígenas não corromperia a sociedade estudada, pelo contrário, a partir do contato com outra cultura prevaleceria a verdadeira essência cultural daquela tribo. Outro aspecto importante de ser observado é a relação entre o “Homem branco civilizado” e o indígena, presente não apenas na relação de Buell Quain com os krahô, em 1939, mas também