A alteridade como fator de contribuição no ensino de língua estrangeira
Regina Farias de Queiroz
Mestranda em Estudos de Linguagem (UFAM)
O presente trabalho atende uma exigência da disciplina “Tópicos em Teoria Antropológica: alteridade, ontologia e etnografia”, ministrada pelo professor Márnio Teixeira-Pinto no PPGAS da UFAM. Neste texto, pretendo discutir o fenômeno da alteridade a partir da leitura de dois antropólogos, a saber Eduardo Viveiros de Castro (2002) e Márcio Goldman (2006).
O ser humano é um ser social e para tanto depende de outros indivíduos para se manter em sociedade. O saber antropológico sobre a nossa cultura passa pelo conhecimento de outras culturas, de modo que o conhecimento do eu só existe em confronto com o conhecimento do outro. À essa noção de interação e interdependência com o outro chamamos alteridade. Esse conceito, tão discutido na antropologia, faz-se necessário dentro da sociedade e se justifica como campo de estudo pelo fato de nos conduzir ao respeito pelo diferente. Assim, a alteridade configura a capacidade de olhar o diferente, reconhecendo-me no outro. Na condição de docente de língua estrangeira, não tenho tanta propriedade para abordar um assunto descontextualizado da minha área de estudo, de modo que tento estender essa discussão, em alguns momentos, à relação entre alteridade e ensino de língua estrangeira.
Atualmente, entre os estudos linguísticos, cresce cada vez mais a importância do princípio de contextualização no ensino de língua estrangeira. Fala-se muito da necessidade de aproximação da cultura do povo do qual se ensina o idioma, mas isso gera nos docentes uma dúvida: o que seria cultura e de que modo é possível inseri-la nas aulas de língua? Língua e cultura têm relações indissolúveis. O ensino de uma língua estrangeira não pode ser desligado do ensino da cultura das pessoas que a usam. Isso ocorre porque a língua não é um objeto abstrato constituído apenas de regras e construções sintáticas, mas é