A alma é uma tábula rasa. todo o conhecimento é obtido pela experiência. por isso, os sentidos têm papel central nesse processo
Nos trabalhos e pesquisas da primeira fase de sua carreira – a saber, grosso modo, entre o final dos anos de 1950 até o começo dos de 1970, desde os estudos etnográficos sobre a Argélia, sobre a sociedade camponesa, passando pelas obras consagradas ao sistema de ensino francês, aos usos sociais da fotografia, aos padrões de freqüência dos museus, até o lançamento do manual de combate Le métier de sociologue –, as primeiras tentativas de formulação conceitual das noções de campo e habitus, bem como de seu emprego na prática analítica, foram motivadas amiúde por suas reflexões sobre as condições sociais de emergência e operação da atividade intelectual. A idéia de um campo intelectual já se encontra esboçada no famoso artigo sobre a sociologia e a filosofia francesas no segundo pósguerra; a noção de habitus foi desentranhada de sua releitura iluminadora de um dos textos seminais de Panofsky1.
Bourdieu e a renovação da sociologia contemporânea da cultura Sergio Miceli
1.Bourdieu e Passeron (1967); Posfácio à obra de Panofsky (1967), traduzida por Bourdieu.
Bourdieu e a renovação da sociologia contemporânea da cultura
A esses dois textos publicados em 1967 vieram se juntar os artigos “Campo do poder, campo intelectual e habitus de classe” e “Gênese e estrutura do campo religioso”, ambos de 1971. O primeiro deles busca articular o emprego de ambos os conceitos, numa