A alegoria do patrimônio: fichamento
Introdução: Monumento e Monumento Histórico
Patrimônio histórico. A expressão designa um bem estimado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias, construído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por seu passado comum: obras e obras-primas das belas-artes e das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes e savoir-faire dos seres humanos. (Choay, p. 11)
O sentido original do termo vem do latim monumentum, que por sua vez deriva de monere (“advertir”, “lembrar”), aquilo que se traz à lembrança alguma coisa. (...) não se trata de apresentar, de dar uma informação neutra, mas de tocar, pela emoção, uma memória viva. Nesse sentido primeiro, chamar-se-á monumento tudo o que for edificado por uma comunidade de indivíduos para rememorar ou fazer que outras gerações de pessoas rememorem (...). A especificidade do monumento deve-se precisamente ao seu modo de atuação sobre a memória. (...). Desafio à entropia, à ação dissolvente que o tempo exerce sobre todas as coisas (...), ele tenta combater a angústia da morte e do aniquilamento. (Choay, p. 18)
O monumento simbólico erigido, para fins de rememoração, está praticamente fora de uso em nossas sociedades desenvolvidas. À medida que estas dispunham de técnicas mnemônicas mais eficientes, aos poucos deixaram de edificar monumentos e transferiram o entusiasmo que eles despertavam para os monumentos históricos. (Choay, p. 25)
As duas noções, que muitas vezes se confundem, são, porém, em muitos aspectos, oponíveis (...). Em primeiro lugar, longe de apresentar a quase universalidade do monumento no tempo e no espaço, o monumento histórico é uma invenção, bem datada, do Ocidente. Outra diferença fundamental observada por A. Riegl (...): o monumento é uma criação deliberada cuja destinação foi pensada a priori, de forma