A aguia e a galinha
Reconhecendo esta situação, M. Gorbatchev, o último reformador do socialismo soviético, quando se iniciou a Perestroika sob sua iniciativa, gostava de falar que era preciso, no caso da URSS, "reganhar a alma" dos povos soviéticos para a causa, o programa e os valores do socialismo [1].
Povos que haviam consentido os maiores sacrifícios e as maiores perdas, humanas e materiais, e suportado inimagináveis tensões e perigos, e os rigores de uma extrema repressão, estavam deixando de confiar num sistema que, no passado, havia dado tantas provas de vitalidade.
Este fenômeno, que se tornou muito evidente na URSS, e se acirrou em virtude de fatores específicos (entre outros, aguda crise econômica, rebeliões de caráter nacional contra o "centro" moscovita, crise de confiança nas virtudes do socialismo entre as próprias elites dirigentes), conduzindo à surpreendente desagregação da primeira pátria do socialismo internacional, surgiu igualmente em outras sociedades socialistas, como as que existiram na Europa Central, e subsiste, ameaçadoramente, em maior ou menor escala, em Cuba e na China.
Por que o socialismo teria perdido a luta pela "alma" dos povos, na curiosa e reveladora expressão de Gorbatchev? Sequer ele a ganhara em algum momento? Em qualquer caso, como explicar a verdadeira revolta popular contra o socialismo, este ingrediente explosivo que foi responsável pela queda/derrubada do socialismo em várias sociedades e que se constituiu num dos elementos centrais para explicar o declínio da utopia socialista nos dias atuais?
A meu ver, uma das principais chaves para começar a responder estas indagações é estudar de que maneira os partidos e as