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Reflexões Acerca do Modelo Teóricometodológico de Theda Skocpol*
Terry Mulhall
Jorge Ventura de M orais
“Do Rigor da Ciência
[...] Naquele Império, a Arte da Cartografia atingiu uma tal Perfeição que o Mapa duma só Província ocupava toda uma Cidade, e o Mapa do Império, toda uma Província. Com o tempo, esses Mapas Desme didos não satisfizeram e os Colégios de Cartógrafos levantaram um
Mapa do Império que tinha o Tamanho do Império e coincidia ponto por ponto com ele. Menos Apegadas ao Estudo da Cartografia, as
Gerações Seguintes entenderam que esse extenso Mapa era Inútil e não sem Impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos
Invernos. Nos Desertos do Oeste subsistem despedaçadas Ruínas do
Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos. Em todo o País não resta outra relíquia das Disciplinas Geográficas.”
(Jorge Luiz Borges, História Universal da Infâmia, Porto Alegre,
Globo, 1975, p. 61).
Introdução
A sociologia histórica é uma das áreas da
Sociologia que mais cresceram nas últimas duas décadas. Debates acerca de problemas históricos tais como nacionalismo (Anderson,
1983; Gellner, 1983; Smith, 1986), revoluções
(Skocpol, 1979; Goldstone, 1982), democrati zação (Lipset, 1960; Moore Jr., 1966; O’Don nell, 1974), formação dos Estados nacionais
(Tilly, 1975; Rokkan, 1975; Anderson, 1974) e industrialização (Wallerstein, 1974a; Blaut,
1993; Brenner, 1987a e 1987b) constituem, juntos, uma extensa reflexão sobre o que pode ser chamado, grosso modo, de “a grande trans formação”, na expressão de Karl Polanyi
(1944). Dada a diversidade de abordagens, o problema tem sido estabelecer alguma base de classificação em termos da qual os vários tra
balhos podem ser distinguidos. Uma tentativa nesse sentido foi feita por Skocpol e Somers
(1980). Neste artigo desenvolvemos uma aná lise crítica desta classificação.
Talvez nenhum outro autor tenha feito mais para difundir a