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2008
EVIDÊNCIAS ICONOGRÁFICAS DA PARTICIPAÇÃO DE MULHERES NO
MUNDO DO TRABALHO E NA VIDA INTELECTUAL E ARTÍSTICA NA GRÉCIA
ANTIGA
Fábio Vergara Cerqueira
Universidade Federal de Pelotas
Para iniciar a conversa
Falar em evidências iconográficas significa apostar na capacidade que os registros imagéticos remanescentes da Grécia antiga possuem para testemunhar aspectos da vida social e cultural de então. Implica, portanto, uma tomada de partido teórico e metodológico. Implica assumir um pressuposto: a validade epistemológica das imagens, no caso a pintura dos vasos áticos dos séculos VI a IV A.E.C., como fonte para o conhecimento da história-acontecimento da Grécia Antiga. Significa, portanto, acreditar que os conteúdos imagéticos desta pintura de vasos, produzidos há vinte e cinco séculos, tenham relação com aspectos da vida cotidiana e das representações culturais da época.
No caso do tema proposto – a participação de mulheres no mundo do trabalho e na vida intelectual e artística – implica, mais ainda, considerar a possibilidade de que estes registros iconográficos nos levem a reconsiderar, reformular, nossos conceitos sobre o lugar da mulher na Grécia antiga, sustentados sobre uma tradição historiográfica embasada, sobretudo, nos testemunhos literários.
Discorrer sobre o tema proposto, portanto, acarreta estabelecer um conjunto de reflexões conceituais sobre o uso da iconografia em constante diálogo com os registros escritos e sobre a condição da mulher na sociedade grega antiga.
Reflexões sobre o sentido e a interpretação das narrativas iconográficas dos vasos áticos
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No que se refere aos estudos iconográficos, no espírito da temática desta mesa-redonda, trata-se de colocar em relação as dimensões do Artístico e do Arqueológico, que, na concepção de Philippe Brunneau1, significa, o primeiro, o processo de criação, recepção e interpretação das imagens na
própria