A filosofia de Wittgenstein elegeu a linguagem para analisar a sua capacidade de descrever o mundo de maneira adequada. Dentro dessa perspectiva, na primeira fase de sua reflexão filosófica, Wittgenstein acreditava que a lógica era a linguagem ideal para solucionar, de vez, os problemas epistemológicos da filosofia. Ainda assim, o filósofo, mesmo nesse momento, partidário de uma racionalidade altamente restritiva, percebia que a linguagem da lógica não alcançava os grandes temas humanos, ou seja, esses permaneciam fora da possibilidade de qualquer análise. Por esse tempo, Wittgenstein apresentou-se como um pensador quase místico que, para propor a ética como um dos grandes temas humanos, trouxe para sua reflexão o campo da transcendência, o "fora do mundo".Ao percorrer algumas das inquietações presentes no pensamento de Wittgenstein e Benjamin é possível perceber um pano de fundo comum para a reflexão destes dois pensadores, a influência do romantismo na obra de ambos. Segundo Lalande (1999), dá-se o nome de romantismo filosófico ou filosofia romântica à doutrina de um certo número de filósofos alemães do fim do século XVIII e dos primeiros anos do século XIX, que se caracterizava por uma reação contra o espírito e os métodos do século XVIII, pela desconfiança e depreciação das regras estéticas ou lógicas, pela apologia da paixão, da intuição, da liberdade, da espontaneidade, pela importância que atribuem à idéia de vida.É importante mencionar que em anotações de uma conversa que teve com Schlick Wittgenstein se refere à conferência para relembrar que, em seu final, ele fala na primeira pessoa e que isso aponta para algo essencial, qual seja, para o fato de que só pode entrar em cena como uma pessoa e dizer "eu", pois uma teoria não teria valor, "não lhe daria nada" (Wittgenstein, [1929] 1992: 158). Nesse sentido, Wittgenstein se esforçou para arranjar um meio de descrição compatível com o conteúdo que queria comunicar. Assim, com seu relato de experiências, ele se