wilson gomes, politica
A POLÍTICA EM CENA E OS INTERESSES FORA DE CENA
1. A insuficiência da ideia de duplo domínio e a perspectiva do “terceiro convidado”
A pesquisa isola os fenômenos da política midiática – três domínios:
a) Caracterização das práticas que constituem a política em sua interface com a comunicação.
b) Análise de um corpus empírico específico representado por episódios determinados da propaganda eleitoral de uma dada campanha ou da cobertura jornalística de um período ou de um fato político.
c) Abordagem especulativa de problemas e questões conceituais da política e da democracia face à nova configuração das relações entre comunicação de massa e política. É preciso envidar esforços para reintegrar o fenômeno, então isolado através de processos de abstração, à totalidade social a que pertence, ao ambiente de onde retira de maneira mais completa o seu sentido. Não para perdê-lo enquanto singular, mas para vê-lo funcionando no seu contexto vital, ganhando-se, eventualmente, com isso, um novo patamar de análise.
Quando se pensa em comunicação política, o percurso mais evidente consiste em considerá-la como sendo a confluência de duas esferas sociais que, portanto, constituiriam o seu ambiente vital: a esfera da política e o âmbito da comunicação de massa. Pressupõem-se, por conseguinte, que a compreensão do funcionamento das duas esferas seja suficiente para o entendimento deste tertius que delas decorre.
Este universo envolvendo apenas dois domínios explica certamente grande parte das características da política midiática, mas não explica tudo. Há mais funções e papeis relacionados à transformação midiática da política contemporânea do que aqueles que pertencem diretamente aos campos da política e da comunicação. Exemplos de outras esferas que devem ser levadas em conta (fenômenos intrusos): poder Judiciário, campo econômico, financiamento privado de campanhas políticas. No capítulo só um domínio importante para a compreensão da política midiática