Walter Benjamin: aviso de incêndio Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”.
Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”.
Michael Löwy
INTRODUÇÃO
Romantismo, messianismo e marxismo na filosofia da história de Walter Benjamin
Lugar singular, realmente único no panorama intelectual europeu e político do século XX que Benjamin ocupa.
Aspecto mais amplo de seu pensamento, que visa nada mais nada menos do que uma nova compreensão da história humana.
Não adiante recrutá-lo para um dos dois grandes campos que o disputam atualmente. (o modernismo e o pós-modernismo.))
Seu pensamento não é, então, nem “moderno” (no sentido habermasiano) nem “pós-moderno” (no sentido de Lyotard), mas consiste sobretudo em uma crítica moderna à modernidade (capitalista/industrial), inspirada em referências culturais e históricas pré-capitalistas.
Benjamin não foi “partidário” de Heidegger, não só porque ele o nega categoricamente, mas pela boa razão de que sua concepção crítica da temporalidade já estava, no essencial, definida no curso dos anos 1915-1925, ou seja, muito antes da publicação de Ser e Tempo (1927).
A filosofia da história de Benjamin se apóia em três fontes muito diferentes:
Romantismo alemão
Messianismo judaico
Marxismo
Não se trata de uma combinação ou “síntese” eclética dessas três perspectivas (aparentemente) incompatíveis, mas da invenção, a partir destas, de uma nova concepção profundamente original. Löwy fala em uma FUSÃO ALQUÍMICA.
Erros que se encontram na literatura sobre Benjamin:
Pensar um jovem Benjamin em contraposição a um Benjamin mais maduro com uma teologia “materialista” e revolucionária da maturidade contraposta a uma obra de juventude “idealista”.
O segundo erro encara a sua obra como um todo homogêneo. E não leva em conta a profunda transformação produzida por volta da metade dos anos 20 com a descoberta do marxismo.
Para compreender o movimento de seu pensamento seria preciso considerar a