Walter Benjamin: aviso de incêndio Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”.

13169 palavras 53 páginas
Walter Benjamin: aviso de incêndio

Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”.

Michael Löwy

INTRODUÇÃO

Romantismo, messianismo e marxismo na filosofia da história de Walter Benjamin

Lugar singular, realmente único no panorama intelectual europeu e político do século XX que Benjamin ocupa.

Aspecto mais amplo de seu pensamento, que visa nada mais nada menos do que uma nova compreensão da história humana.

Não adiante recrutá-lo para um dos dois grandes campos que o disputam atualmente. (o modernismo e o pós-modernismo.))

Seu pensamento não é, então, nem “moderno” (no sentido habermasiano) nem “pós-moderno” (no sentido de Lyotard), mas consiste sobretudo em uma crítica moderna à modernidade (capitalista/industrial), inspirada em referências culturais e históricas pré-capitalistas.

Benjamin não foi “partidário” de Heidegger, não só porque ele o nega categoricamente, mas pela boa razão de que sua concepção crítica da temporalidade já estava, no essencial, definida no curso dos anos 1915-1925, ou seja, muito antes da publicação de Ser e Tempo (1927).

A filosofia da história de Benjamin se apóia em três fontes muito diferentes:

Romantismo alemão
Messianismo judaico
Marxismo

Não se trata de uma combinação ou “síntese” eclética dessas três perspectivas (aparentemente) incompatíveis, mas da invenção, a partir destas, de uma nova concepção profundamente original. Löwy fala em uma FUSÃO ALQUÍMICA.

Erros que se encontram na literatura sobre Benjamin:

Pensar um jovem Benjamin em contraposição a um Benjamin mais maduro com uma teologia “materialista” e revolucionária da maturidade contraposta a uma obra de juventude “idealista”.
O segundo erro encara a sua obra como um todo homogêneo. E não leva em conta a profunda transformação produzida por volta da metade dos anos 20 com a descoberta do marxismo.

Para compreender o movimento de seu pensamento seria preciso considerar a

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