Vulnerabilização no Trabalho
Capítulo 01: Delineamentos Preliminares
O continuum dos fenômenos saúde-doença é caracterizado como o encadeamento de múltiplos fenômenos que geram uma maior vitalidade ou fragilização da saúde de um indivíduo, inserido em diferentes realidades sociais. Este
processo
é
diretamente
proporcional
à
desigualdade
socioeconômica e de direitos, logo historicamente as diferentes forças políticas e sociais o influenciam, essa é a ideia de “vulnerabilização”.
A compreensão do processo saúde/doença necessita também de mais duas noções: a de sofrimento social e a de divisão internacional do trabalho. O sofrimento social gerado em macro contextos geralmente está associado a formas poderosas de dominação e no contexto de trabalho pode atuar como fonte de saúde ou de adoecimento tanto à saúde geral quanto mental. Os estudos voltados à compreensão da produção social de distúrbios psíquicos ocorrem em duas linhas de investigação: a partir da vertente macrossocial, que compreende a influência de forças políticas e econômicas, e a partir da vertente das esferas microssociais, que tradicionalmente compreendem a influência da família e da escola. Atualmente a análise das esferas microssociais passou a analisar mais atentamente o trabalho já que esta instância social também pode fortalecer ou vulnerabilizar a saúde mental de forma a gerar distúrbios tanto coletivos quanto individuais.
Para o estudo da saúde mental, algumas premissas básicas devem ser apresentadas, como mostra Canguilhem (1990). Entre elas está o conceito de saúde como um estado ideal no qual as forças vitais predominem na harmonização da variabilidade biopsicossocial. Já o adoecimento é visto como um processo contínuo no qual há o confronto entre as forças vitais e as desestabilizadoras denominado processo saúde/doença. Por fim define-se a saúde mental como uma dimensão indissociável que deve ser vista como um todo de forma que não se pode conceber um