volumetria e gravimetria
Georg Lukács
Naturalmente não se trata aqui de tentar descrever, nem mesmo de modo indicativo, esta crise variada e multiforme. Desde logo suas causas sociais apresentam‑se como extremamente divergentes e, ainda que fosse possível descobrir uma origem unitária sob essa heterogeneidade de superfície, mesmo assim não se suprimiria a especificidade e a autonomia ‑ certamente relativa, mas extremamente importante nesta relatividade ‑ das diferentes esferas. Neste contexto podemos apenas enumerar os componentes externos e internos mais fundamentais desta crise, em última análise contraditoriamente unitária em sua essência filosófica, sem poder examinar detalhadamente, em uma análise singular, qual o componente que em cada caso parece reivindicar legitimamente para si o caráter de momento predominante. Naturalmente, figuram aqui em primeiro plano as duas Guerras Mundiais, a Revolução Russa de 1917, o fascismo, o desenvolvimento do estalinismo na União Soviética, a Guerra Fria e o período do terror atômico. Seria porém uma unilateralidade inadmissível omitir, neste contexto, que a economia do capitalismo experimentou importantes transformações neste período, em parte devido a um crescimento qualitativo significativo no domínio da natureza e, em estreita correlação com este último, a um aumento inimaginável da produtividade do trabalho; e em parte devido a novas formas de organização destinadas não só a aperfeiçoar a produção, mas também a regular capitalisticamente o consumo. De fato, não se deve ignorar que a completa absorção da indústria de meios de consumo (e dos chamados serviços) pelo capital é um resultado dos três últimos quartos de século, e do qual se deriva a necessidade econômica de uma manipulação do mercado cada vez mais refinada, desconhecida tanto na época do livre comércio quanto no início do capitalismo monopolista. Paralelamente a isso ‑ no fascismo e na luta contra ele ‑ emergem novos métodos de manipulação da vida política