Você viu um homossexual por aí?
Ao longo dos últimos 40 anos, no mundo ocidental, a luta pela igualdade jurídica dos homossexuais obteve conquistas notáveis. De tema proscrito, passou à vanguarda do debate sobre direitos humanos. Cuba, que nos anos 60 mantinha campos de "reeducação" para gays, promove agora políticas de inclusão.
Nesta última semana, foi a vez do Uruguai, que aprovou o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Ontem, a França também deu um passo importante nessa direção com a aprovação pelo Senado de um projeto que deve entrar em vigor até o meio do ano.
No caso do Brasil houve avanços, mas o que se oferece aos gays em termos de proteção e respeito social é pouco em comparação ao que fazem países culturalmente próximos, como Argentina ou Portugal.
Parte do Congresso brasileiro busca minar a consolidação de direitos das minorias sexuais com argumentos condenatórios, toscos e obscurantistas, de cunho radical religioso.
Ajuda a compor o retrato do homossexual no imaginário popular a repetição incansável de personagens gays estereotipados em programas de televisão. No final, a imagem que fica é que os gays ou são patéticos, ou amaldiçoados.
O fato de que um discurso desqualificador da homossexualidade possa ser explorado politicamente ou como fonte de humor é lamentável. Mas faz parte de nossas mazelas. Não é por acidente que o Brasil ocupa o 84º lugar no ranking de desenvolvimento humano da ONU, com índice inferior à média da América Latina e do Caribe.
Toda superação de preconceitos exige ampliação de conhecimentos. No caso específico, os homossexuais brasileiros devem assumir a liderança desse processo educativo. A exemplo do que ocorreu em outros países, cabe a eles mostrar à sociedade quem realmente são.
O ato mais político que um homossexual pode realizar é assumir-se como tal. Engajar-se pessoalmente na luta pela mudança de percepção. Dar cara, nome e profissão à homossexualidade.
Chamar a atenção para o fato de que o