Você têm cultura
Quando um antropólogo social fala em “cultura”, ele usa a palavra como um conceito chave para a interpretação da vida social. Porque para o antropólogo “cultura” não é simplesmente um refente que marca uma hierarquia de civilização mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa.
Mas afinal de contas o que é cultura? Roberto da Matta nos ajuda a compreender o termo cultura, não apenas como simples expressão que faz parte do linguajar da sociedade, mas como ela pode interferir no modo de vida do indivíduo.
No senso comum, a palavra “cultura” pode se referir a um certo estado educacional, querendo indicar com isso a capacidade de compreender ou organizar certos dados e situações, o que seria equivalente a volume de leituras, controle de informações e, muitas vezes, confundido com inteligência, etc.
Porém, a cultura não é um código que se escolhe simplesmente, é algo que está dentro e fora de cada um de nós. Pensamos na cultura como algo individual que as pessoas inventam, modificam e acrescentam na mediada de sua criatividade e poder. Assim, teríamos a cultura e culturas particulares e adjetivas, como formas secundárias, incompletas e inferiores de vida social. Mas a verdade é que todas as formas culturais de uma sociedade são equivalentes, em geral, aprofundam algum aspectos importantes que não pode ser esgotado completamente por uma outra “sub cultura”. O problema é que sempre que nos aproximamos de alguma forma de comportamento e de pensamento diferente, tendemos a classificar a diferença hierarquicamente. Outro modo de perceber e enfrentar tal diferença é tonar a diferença como um desvio, sem sequer nos darmos conta da relação de complementaridade.
No sentido antropológico, portanto, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. O seu funcionamento e o modo pelo qual elas geram novas combinações