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Rio de Janeiro, Campus, 1980. 360 p.
Maria Ignez S. Paulilo1
Nota explicativa: Esta resenha foi escrita em 1982 e teve uma pequena circulação, na época, entre colegas e alunos2. Quem me estimulou a ler a obra de Karl Polanyi, publicada originalmente em 1944, foi meu então orientador de doutorado, Otávio Velho, cujo pioneirismo e ousadia intelectuais são bastante conhecidos. Sou muito grata a ele por ter me apresentado a um autor que “antropologiza” a economia, que contesta a visão de que as leis do mercado são
“férreas” e, portanto, superiores a qualquer vontade de mudança. A primeira edição brasileira é de 1980. Depois de esgotada essa edição, o livro ficou fora das prateleiras por 20 anos. A segunda edição só saiu em 2000 pela mesma editora. Na última década, vejo as idéias de
Polanyi serem recuperadas pela Sociologia Econômica e pela Economia Solidária. Reli todo o livro e o resumo que havia escrito e resolvi deixar meu texto como estava, com a linguagem do início dos anos 1980 e com a marca da surpresa que as idéias do autor causava em quem, como eu, estava acostumado com a rigidez do estruturalismo, rigidez que os movimentos sociais puseram em cheque. Se republico o resumo agora é para estimular a leitura de “A grande transformação”. Não é fácil resumir uma obra, quando a compreensão que dela se teve foi lenta e desestruturadora. Polanyi, ao expor sua tese central e, principalmente, ao desenvolver os argumentos que a sustentam, coloca em cheque pontos que já nos acostumáramos a ter como pacíficos. Uma segunda dificuldade veio do próprio estilo do autor. A maneira quase brutal com que ele lança primeiro suas conclusões, levando de roldão vários períodos históricos para, depois, desenvolver a demonstração de suas idéias, fez com que só compreendêssemos os primeiros capítulos durante a leitura dos últimos. Depois de várias tentativas optamos por, na elaboração da