Viver Cem anos
A vida tem seu próprio tempo. Existe um tipo de empenho no qual desdobramos a maior parte de nosso tempo e de nossa vida, que se fôssemos sinceros em dizer, mais nos coloca próximos da morte do que da vida. Por vezes, queremos viver até uma idade avançada e, em nome deste desejo e projeto, investimos uma porção de esforços, de bens, de metas de saúde, de noites mal dormidas, de sacrifícios familiares, de renúncia a férias e feriados, de opções sentimentais, de decisões políticas e econômicas etc.. Enfim, todos os empenhos e esforços do qual damos o suor e o sangue cotidiano parecem nos conduzir para um futuro promissor, mas escondido atrás deste drible existencial que vamos dando a nós mesmos está a amarga verdade de que caminhamos para o encurtamento e aniquilação do tempo, da saúde e da vida. Eis a armadilha, queremos viver muito, mas damos pouco ou quase nada em troca e em prol deste investimento. Fazer isto é querer com um cofrinho de moedas desvalorizadas; comprar um imóvel bem localizado para construir a própria casa. Se nós gostamos e queremos, de fato, uma vida longa, o mínimo que podemos fazer de nossa parte (embora sabendo que o curso da vida, em certo sentido, está além de nosso controle) é iniciar suspendendo este tipo de compreensão aonde vamos levando a vida com “a barriga”. Depois, é ser honesto consigo mesmo para pensar: “É hora de começar a abandonar tudo o que até então fazia com que eu quisesse viver uma vida longa, mas que na verdade só tirou-me a vida e o viver verdadeiro”. É, com outras palavras, a hora inadiável do abandono e da renúncia. Abandono e renúncia para anunciar e pronunciar o início e o empenho a partir de um novo estilo de vida até agora inédito e inaudito para mim mesmo. Pensando deste modo,