Visões Diferentes
Pesquisa mostra o que os jovens querem das empresas e o que elas esperam dos funcionários
Tatiana Chiari
Os especialistas em recursos humanos costumam comparar o começo da carreira profissional ao início do namoro. A exemplo do novo casal, empresa e funcionário recémcontratado vivem uma fase de adaptação em que as duas partes, cheias de expectativas em torno da relação, vão se conhecendo aos poucos. Para compreender melhor essa etapa da
"vida a dois", uma consultoria paulista, a Companhia de Talentos, preparou um estudo inédito. Ela selecionou as empresas brasileiras que mantêm os mais completos programas de treinamento de jovens profissionais. Foram doze as escolhidas, entre elas American
Express, Basf, Bosch, Gessy Lever, Rhodia e Votorantim. Em seguida, entrevistou os diretores de recursos humanos das firmas e seus recém-contratados. O resultado é o mais completo levantamento sobre o que pensam a respeito das empresas os chamados trainees e a opinião que os dirigentes das companhias têm sobre eles.
Para surpresa dos pesquisadores, o estudo revelou um enorme descompasso entre as duas partes envolvidas – como um namoro que começa de forma tumultuada. "A experiência já sugeria que os novos contratados e as empresas não tinham a mesma visão de mercado, mas a pesquisa mostrou que a distância é maior do que supúnhamos", afirma Sofia
Esteves, diretora da Companhia de Talentos. Tome-se como exemplo um item da pesquisa que trata do tempo de permanência do funcionário na firma. Enquanto as organizações esperam que o profissional permaneça no mínimo dez anos na instituição, os trainees respondem que pretendem ficar quatro – no máximo. Depois disso, querem passar um tempo estudando no exterior ou, talvez, tentar abrir um negócio próprio. Na pesquisa, apenas 14% dos trainees disseram ter planos de estar na mesma empresa e num alto cargo daqui a dez anos. Fabiana Blanco, ex-trainee da Rhodia da turma de 1999 e hoje assistente de