Visões de camões e herculano em relação à história da formação de portugal
Alexandre Herculano em “O Bobo” trata da formação da nacionalidade portuguesa a época de D. Afonso Henriques e o faz utilizando a história como matéria para a sua ficção. Em seu romance histórico a figura central não é uma personalidade real e sim uma personagem que, como afirma o próprio Herculano, a história não conheceu. Dom Ribas, tratado com desprezo durante toda a narrativa é tido como peça chave para o desfecho desta.
Nesse sentido, o fato histórico reconstituído é como um pano de fundo para sua obra romântica, que tem por ideal resgatar, a partir da visão do passado, exemplos para a sociedade em que o autor está inserido, Portugal do século XIX. As antigas glórias da nação portuguesa são utilizadas para tentar revigorar o sentimento de nacionalidade e de grandeza perdidos.
É possível dizer que Herculano faz uso da História com uma função didática ao mesmo tempo em que tem bem marcada a proposta de tornar exemplar o passado. Dessa forma, não o idealiza em tom de crítica combativa à sociedade atual e sim geralmente o faz em tom de lamento e melancolia passadista.
Quanto aos personagens históricos, o escritor oscila entre a tentativa de não tomar partido de nenhum dos lados do embate e a demonstração de que lado da história está, ao fazer do desfecho do livro uma mensagem de revolta contra o poder ilegítimo (representado por D. Teresa e Fernando Peres), que no fim é derrubado.
No conflito de disputa de poder entre D. Teresa e seu filho Afonso Henriques, a figura da rainha é apresentada de uma forma em que identificamos sentimentos maternos em relação a seu filho. De certa forma, mostra-se a subjetividade da monarca bem como suas noções de moralidade e ética. Ela sofre com o embate que a coloca contra o próprio filho. Apesar de ser bastante influenciada por seu amado, o Conde de Trava.
Apesar de mostrar a figura de D. Teresa como mais humana, e não ser muito presente na narrativa