Visão sincrônica
O método da abordagem interna da obra literária, centrado na análise de seus elementos constitutivos, possibilita vários enfoques. Indicaremos, sucintamente, os mais importantes por sua eficácia operacional.
O enfoque linguístico
Como já vimos, o conceito de texto implica o entrelaçamento dos vários elementos que compõem a linguagem humana: fonemas, morfemas, lexemas, sememas. A ciência que estuda os componentes da palavra e as relações entre os vários termos de um enunciado é a linguística, que recebeu sua roupagem moderna pelo suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913), considerado o pai das principais correntes linguísticas da atualidade: a glossemática, de Hjelmslev; a funcional, de Martinet, Jakobson e da escola linguística de Praga; a distribucional, de Bloomfield e da escola norte-americana; a generativa, de Chomsky.
As maiores contribuições da ciência da linguística para a crítica literária residem no estudo da natureza do signo linguístico (composto de um significante e de um significado), das diferentes funções da linguagem (relacionadas com os fatores da comunicação humana), do relevo dado a várias dicotomias: fala e sistema, sintagma e paradigma, sincronia e diacronia, polo metonímico e polo metafórico. Tais conceitos e oposições formam o arcabouço metodológico que ajuda o estudioso da literatura a perceber a poeticidade de uma obra, oferecendo meios para poder distinguir um texto literário de um tratado científico, de um livro de história, de uma reportagem jornalística. A função poética da linguagem provoca desvios da norma comum no afã de romper os automatismos linguísticos com o fim de obrigar o leitor a pensar nas palavras e nos vários sentidos que elas podem conter. Os desvios são encontráveis em relação à palavra isoladamente considerada (metaplasmos), às relações que as palavras estabelecem entre si (metataxes) ou ao sentido (metassememas). Quem quiser realizar uma abordagem