visão religiosa
O 140º aniversário da publicação do livro Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural, de Charles Darwin, agora em novembro, a reconstrução facial de Luzia, o crânio da mulher mais antiga do Brasil, e a renovação da disputa entre criacionismo e evolucionismo no Estado americano de Kansas trazem à tona a gloriosa história da criação. Ultimato reuniu em Campinas, SP, o físico Ross Alan Douglas e o biblista Willian Lacy Lane para programar a presente entrevista. Ross Douglas, canadense naturalizado brasileiro, 71 anos, PhD em física pela Universidade de Winsconsin, é professor aposentado da UNICAMP e vice-presidente da Aliança Bíblia Universitária (ABU). Willian Lane, brasileiro descendente de missionários americanos, 36 anos, mestre em teologia pelo Calvin Theological Seminary (especialização em Antigo Testamento), é professor de hebraico e diretor do Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas.
Ultimato - Existe conflito entre ciência e religião?
Douglas - Acreditamos que existe uma verdade objetiva que pode ser conhecida em parte por meio do cristianismo, mas também da ciência. Toda verdade é a verdade de Deus, quer venha do estudo da natureza, quer venha da revelação de Deus. A história revela muitos conflitos, de maneira que a situação tem sido como uma guerra. Entretanto, um exame mais aprofundado mostra que muitas dessas diferenças são apenas aparentes, sendo o resultado de extrapolações injustificadas e interpretações inadequadas. Sinto que, ao invés de guerra, a complementação mútua seria uma melhor maneira de ilustrar esta relação.
Lane - Há um conflito aparente quando se observa os pressupostos de cada lado. A religião cristã, pelo menos, afirma ser Deus o criador do universo e aceita em geral a cronologia bíblica como verdadeira. A ciência, por outro lado, tende a anular qualquer causa externa à natureza (ao mundo material) para a origem e o