Visão do Paraiso
Em uma nota à primeira edição, no ano de 1959, Sérgio Buarque de Holanda escreveu que em 1958 Visão do Paraíso fora impresso em tiragem limitada “e com o caráter de tese universitária” (p.VII). Após uma ampliação, nova distribuição de capítulos e correções, imprimiu-se a primeira edição de sua tese universitária, “destinada a um público menos exíguo” (p.VII). Em 1968, Sérgio Buarque escreve o prefácio da segunda edição de sua obra. Um longo prefácio que introduz o que se pretende fazer ao longo do livro. Sérgio Buarque escreve qual é seu objetivo com este trabalho: “O que nele se tencionou mostrar é até onde, em torno da imagem do Éden, tal como se achou difundida na era dos descobrimentos marítimos, se podem organizar num esquema altamente fecundo muitos dos fatores que presidiram a ocupação pelo europeu do Novo Mundo, mas em particular da América hispânica, e ainda assim enquanto abrangessem e de certa forma explicassem o nosso passado brasileiro” (p.IX).
O livro está dividido em 12 capítulos, entre os quais o 7º e o 8º parecem ser os mais relevantes para encadear e dar ritmo à toda obra. São eles: “Paraíso perdido” e “Visão do Paraíso”. Neles está, talvez, o coração de sua obra. No 7º capítulo Sérgio Buarque descreve as concepções de tempo, de mundo, de vida daquela época de descobrimentos, buscando numa visão escatológica o motivo da edenização das Américas, que se conclui no 8º capítulo.
No 1º capítulo, “Experiência e fantasia”, Sérgio Buarque traça uma linha que divide o pensamento humanista, do Renascimento, do pensamento, por assim dizer, medieval. O primeiro seria mais fantasioso, um pensamento fruto de uma época na qual há um recrudescimento de antigos estudos científicos sobre alquimia, astrologia, magia e retórica. O outro pensamento, o medieval, é de um realismo voltado