Visita a um museu
A escultura Mão de Oscar Niemeyer tornou-se o símbolo por excelência do Memorial e um marco urbano. Ela está pintada em muros e túneis da cidade, ao lado de reproduções dos principais pontos turísticos de São Paulo. Localizada na Praça Cívica, foi erguida em concreto aparente de 7 metros de altura. Na sua palma, há o mapa do subcontinente americano em baixo-relevo, pintado em esmalte sintético vermelho, lembrando sangue a escorrer. Essa Mão espalmada está estendida para os povos irmãos. Sobre esse aspecto, diz Niemeyer: “Suor, sangue e pobreza marcaram a história desta América Latina tão desarticulada e oprimida. Agora urge reajusta-la num monobloco intocável, capaz de fazê-la independente e feliz.” Sobre sua tapeçaria em quatro cores, com área total aproximada de 800 m², localizada no Auditório Simón Bolívar, Tomie Ohtake declarou:
Pedir-me para escrever um depoimento sobre o painel que fiz para o Memorial é dizer um pouco sobre o óbvio, já que a sua proposta é extremamente simples e creio que o espectador a percebe com facilidade.
Quando Oscar Niemeyer convidou-me para fazer este painel ocupando toda a parede lateral interior do auditório do Memorial da América Latina, percebi que era um enorme desafio, porque havia as duas curvas que trocaram a tradicional base retangular por uma belíssima forma que eu não quis destruir, mas valorizá-la e, ao mesmo tempo, ter um trabalho meu que dissesse alguma coisa. O resultado a que cheguei procurou também manter a unidade platéia-palco-platéia.
O grande mural é um desenho com muitas linhas que se compõem numa grande forma, atravessando como num só gesto, todo o comprimento do auditório (…) Ver depois de pronto um painel com aquelas dimensões, feito em tapeçaria a partir de um desenho gestual, é uma grande emoção!
Depoimento publicado no livro Integração das Artes, editado pelo Memorial da América Latina, em 1990, na pág..85