Viriato
Viriato, fundador e líder da tribo Lusitana, combateu contra os Romanos aquando a invasão destes à península Ibérica (IIa.c.). Sabe-se da existência de outros líderes, mas nenhum foi capaz de sustentar o imaginário de uma herança cultural comum como Viriato. Em Os Lusíadas, Camões faz referência a este líder (canto VIII estancia 36) realçando a garra e o atrevimento que só é despoletado por uma causa digna e heróica. É com estes princípios, e a sua aplicação, que Fernando Pessoa inclui Viriato na sua obra de renovação espiritual da nação, Mensagem.
Na globalidade da obra Mensagem, a personagem de Viriato está integrada no Brasão, construtores do Império, mais especificamente inserida na parte dos Castelos, símbolo de protecção e conquista. Para analisar este poema, dividimo-lo em três partes: A primeira estrofe, consiste numa alusão ao instinto que alimenta a razão de ser da raça, como se a alma de Viriato estivesse presente no Inconsciente colectivo do povo, como a luz de partida do nosso labirinto. Antes dele, não éramos; “vivemos, raça, porque houvesse/ Memória em nós de instinto teu.”. A segunda estrofe, evidencia a formação da nação tendo Viriato “ou do que eras a haste”, como o ponto de partida para a nossa identidade como povo, com instinto e herança cultural comum que nos distingue de todos os outros povos. “Nação porque reencarnaste / Povo porque ressuscitou (…) Assim se Portugal formou.”
A terceira estrofe, demonstra que Viriato é o nascer e o renascer da génese do povo português “fria luz que precede a madrugada” “E é já o ir haver o dia/Na antemanhã, confuso nada”. A relação da sua presença no anoitecer e no amanhecer (porque o “nada” apela à existência de algo) mostra o carácter grandioso desta personagem, capaz de atingir dois extremos (que se tocam) como é o caso do amanhecer/anoitecer, a vida/morte. Viriato representa as extremidades que fecham os limites de um círculo, e pensamos que não é por acaso que este poema contém doze