Violencia
Julita Lemgruber1
O Brasil não está em guerra, mas nossas taxas de mortes violentas superam até mesmo países que vivem conflitos armados. E os jovens são vítimas preferenciais. No município do Rio de Janeiro, por exemplo, 3.937 adolescentes foram mortos à bala entre dezembro de 1987 e novembro de 2001. No mesmo período, nos combates entre Israel e Palestina, 467 adolescentes morreram como resultado da ação de armas de fogo.2 Entre os anos de 1980 e 2001, houve 646.158 homicídios dolosos no país, o que equivale a mais de 30.000 assassinatos por ano. Como se pode observar no Gráfico 1,3 a curva de homicídios cresce sistematicamente, embora apresente uma queda entre os anos de 1990 e 1992. Para alguns especialistas, o que aconteceu no período não foi uma redução real do número de mortes, mas um problema de registro de dados. Entre 1990 e 1992 houve um brutal acréscimo do número de registros de “mortes por armas de fogo e intencionalidade desconhecida”, o que provocou a redução do número de registros de homicídios. Ademais, grande parte do problema parece ter acontecido no Rio de Janeiro, embora não se saiba exatamente as razões para essa ocorrência.4
* Trabalho apresentado no Encontro Anual dos Acadêmicos da Academia Brasileira de Ciências em 1º de junho de 2004. Julita Lemgruber é socióloga e diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (CESeC/UCAM).
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Dowdney (2003).
Os gráficos aqui apresentados foram elaborados por Leonarda Musumeci e Doriam Borges, respectivamente coordenadora de área e estatístico do CESeC.
4
Cf. Gláucio Ary Dillon Soares (1999).
2
Gráfico 1 – Homicídios no Brasil: números absolutos e taxas por cem mil habitantes – 1980 a 2001
60000
27,8 47899
30
50000
22,2
25
40000
20
31989
30000
11,7
15
20000
13910
10
10000
5
0
19 80 19 81 19 82 19 83 19 84 19 85 19 86 19 87