Violencia Crash
NOS DIAS ATUAIS
Partindo das teorias que justificam a formação da sociedade humana, a primeira ‘naturalista’ de que o homem desde os primórdios buscou se aproximar de seu semelhante vivendo em sociedade, por não ter o domínio absoluto sobre a natureza que o rodeava¹, a fim de evitar a sensação de insegurança e medo, e a segunda ‘contratualista’, de que o homem vive em sociedade por espontânea vontade, assim renuncia parte de sua liberdade em favor do bem comum², podemos iniciar nossa explanação confrontando a sociedade contemporânea e a vida do homem moderno com os fatos ocorridos na trama do filme ‘Crash, no limite’.
‘Crash’ expressa som de choque, e o filme se passa na cidade de Los Angeles nos Estados Unidos, pós 11 de setembro. Cidade de extrema diversidade cultural, as pessoas chocam-se umas com as outras pela simples necessidade de ter contato, afirma um dos protagonistas antes de sofrer um leve acidente de carro. Essa mensagem se renova ao longo do filme implicitamente em outros ‘choques’, que identificamos como racismo, xenofobia, etnicismo, segregacionismo e escravização do trabalho imigrante, nos possibilitando fazer uma releitura sobre nossas atitudes diante dos fatos da sociedade moderna. Na contramão dos preconceitos e idéias estereotipadas que constituem nossas opiniões pessoais em relação à espécie humana, a globalização nos obriga a convivermos cada vez mais com pessoas diferentes. O homem moderno, para garantir sua segurança pessoal e preservar sua autonomia se protege atrás de metal e vidro, como forma de manter um controle sobre o que lhe proporciona o medo, demonstrando não necessitar, desta forma, de convivência social. Dentro da sociedade, contudo, a individualidade se dissolve em meio à multidão multicultural e quando homem se vê ameaçado e invadido, e tendo que agir de imediato, já ofuscado de sua capacidade de refletir, desconstrói automaticamente o antagonismo existente entre o bom e o mau, o bem e o mal, e no