Vincent Van Gogh
Antes de se tornar pintor, o holandês Vincent Van Gogh (1853-1890) tentara a sorte como pregador, professor e negociante de arte, atraído para estas vocações pelo desejo de uma vida tão preenchida espiritualmente como socialmente útil. Van Gogh decidiu que a arte por si só lhe oferecia o acesso ao mundo ideal que buscava.
Os Comedores de Batatas
Depois de uma formação artística rudimentar, o pintor passou os anos de 1883 a 1885 a pintar o vicariato da família (o pai era pastor), na aldeia de Nuenen, na Holanda, local onde se sentiu profundamente tocado pela dignidade, espiritualidade e solidez dos camponeses empobrecidos. A sua principal obra deste período Os Comedores de Batatas, reflecte a sua compaixão e o respeito pelas classes desfavorecidas, como descreveu numa das 650 páginas de cartas enviadas ao seu irmão Theo: “tentei realçar que as pessoas que comem batatas à luz da lamparina cavaram a terra com as mesmas mãos que levam ao prato, pelo que o quadro é sobre o trabalho manual e sobre a honestidade com que ganharam a sua comida. Quis dar a impressão de uma existência muito diferente da nossa vida de seres civilizados”. Aqui vemos a admiração e o respeito de Van Gogh por uma vida simples, baseada no contacto directo com a natureza, bem como a desconfiança relativamente aos valores burgueses e à modernidade urbana. Os seus modelos artísticos incluem Millet, cujas poderosas e empáticas representações de camponeses ecoam nas de Van Gogh, e o seu compatriota Rembrandt, cujo tenebrismo envolve esta ceia humilde, quase ritualista, num manto de reverência. O que distingue esta imagem é a ingenuidade técnica de Van Gogh, que confere à pintura uma energia crua; e esta, por sua vez, dota os camponeses de uma vitalidade complementar reflectindo o incontido entusiasmo do pintor e a sua paixão pelo tema. Os dedos e as mãos enclavinhadas, as fisionomias proeminentes e contorcidas, as