Vigotski e Clínica da atividade
A Clínica da Atividade possui como raiz epistemológica a Psicologia Histórico-Cultural de Lev Semenovich Vigotski, inserindo-se nas Ciências do Trabalho, mais particularmente no campo da Psicologia do Trabalho. Segundo essa teoria Histórico-Cultural, o desenvolvimento psicossocial humano ocorre por meio do estabelecimento de processos colaborativos na mediação da transmissão dos saberes socialmente construídos, e também, pelo contato de cada sujeito com outras pessoas e grupos. A formulação central dessa teoria refere-se à importância que a participação do sujeito em atividades compartilhadas possui para o desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. Isto é, basicamente, a teoria se propõe a estudar e analisar o desenvolvimento de tais processos psicológicos superiores a partir da vida social do sujeito.
Os Processos Psicológicos Superiores são aqueles que dependem, essencialmente, de situações sociais em que cada sujeito participa e que são específicos dos seres humanos. Além de serem histórica e socialmente construídos, eles se valem do uso de instrumentos de mediação. Vigotski ainda dividiu tais processos superiores em rudimentares, os quais utilizam um grau menor de uso de instrumentos de mediação, como por exemplo a linguagem oral; e em avançados, os quais possuem uma maior regulação voluntária e realização consciente, como exemplo a língua escrita.
O pesquisador russo Vigotski (1926/2004) argumentava que a aprendizagem somente é efetiva quando se observa a apropriação dos saberes e a sua transformação em desenvolvimento real pelo sujeito. É importante lembrar-se do complexo processo de mútua apropriação entre o sujeito e a cultura. O sujeito se forma na gradual apropriação de instrumentos culturais e na interiorização progressiva da vida social, porém, reciprocamente, a cultura se “apropria” do sujeito na medida em que o forma. Tal processo não é apenas uma acumulação de domínios sobre instrumentos variados, e sim uma reorganização da