Vigiar e Punir
Este livro inicia contando a punição de um homem que matou seu pai e todo o suplício que era aplicado a um criminoso da época, trazendo uma riqueza de detalhes e fazendo com que o leitor tenha a percepção do castigo. A primeira parte do livro resume-se em tese todo o texto que será tratado, suas diversidades de métodos, a evolução dos pensamentos, do sistema de poder e de como conter as massas, passando para a humanização e o estudo da alma humana, na tentativa de assim estudar cientificamente todas as relações de poder e os seus objetos.
Com o tempo aparecem novas modificações, entre elas uma: o desaparecimento dos suplícios. Por alguns séculos, desapareceu o corpo supliciado, marcado simbolicamente no rosto ou no ombro, em exposição vivo ou morto, apresentado como espetáculo. Mudou o alvo principal da repressão penal, não sendo mais o corpo do individuo. No fim do século XVIII e começo do XIX, as grandes fogueiras e festas punitivas vão se extinguindo. A punição pouco a pouco deixou de ser uma cena. Esses espetáculos passaram a ter um cunho negativo, onde as funções destes eventos deixam de ser compreendidos, ultrapassando em selvageria e acostumando os espectadores a uma ferocidade e transparecendo que os próprios agentes da lei se tornaram os criminosos, invertendo no último momento os papéis, fazendo do verdadeiro criminoso um objeto de piedade e de admiração. A punição se torna a parte mais velada do processo penal, provocando várias consequências: deixa a percepção de consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade não à sua intensão; a certeza da punição é o que deve desviar o homem do crime. Por essa razão, a justiça não assume mais a parte de violência que está ligada a seu exercício. O essencial da pena muda de aspecto deixando o âmbito punitivo para o corretivo, procurando formar de reeducar os delinquentes e assim começa a livrar os magistrados do aspecto de castigadores. Com o desaparecimento