Vigiar e punir ou educar? - araújo, inês lacerda
Cultura, sociedade, história
Foucault, ao invés de apresentar uma visão geral e sistemática da cultura, da sociedade e da história, ele analisa o nosso presente, nossa situação. Enquanto historiador do presente, Foucault aborda temas específicos e não nos fornece receitas nem uma teoria da totalidade social. Em Dits et éscrits (1994), ele escreve que sua intenção é apenas “diagnosticar o presente, dizer o que é o presente, dizer em que ele é diferente, absolutamente diferente de [...] todo passado”. Para ele a verdade é produzida por discursos que carregam poder e saber e é contra as práticas específicas.
Foucault aborda as práticas reais e locais, que tecem relações entre discursos e saberes e de um lado, e instituições e poderes de outro lado. Ele analisa quais são as relações de força, como se desenvolvem estratégias, lutas e táticas na cultura e sociedade. Essa forma de analisar a cultura não está baseada nas noções de totalidade de classe social, de ideologia, de causalidade ou de influência, e também não é uma abordagem do sujeito pessoal, psicológico. A cultura para ele é diversificada, com múltiplos movimentos. Os materiais de analise vêm dos conteúdos históricos concretos, de saberes sujeitados, aos quais ele dá voz. As visões sistemáticas e globais desqualificam esses saberes e essas vozes, pois acham que estão abaixo do nível de cientificidade. A nova critica de Foucault acerca do psiquiatrizado, da criança, do anormal, mostra que o sujeito é objetivado e sujeitado. (p. 26 – 28)
O sujeito objetivado e sujeitado
Para Foucault, o sujeito é constituído e não constituinte como a maioria dos filósofos pensa. Descartes afirma o sujeito pensante como uma substância; Kant afirma a razão e suas formas puras, a priori, universais. Na filosofia contemporânea, a atividade subjetiva da consciência é vista como fundadora. Foucault, em contrapartida, questiona as filosofias do sujeito, pois elas pressupõem que