vida
"Tive o privilégio de conhecer e conviver com esse grande ator chamado Claudio Cavalcanti. Ele nos deixou nessa noite do dia 29 de setembro, mas sua arte é eterna. Porque um ator pode nos deixar, mas suas criações seguem reverberando na mente e no peito de quem se deparou com elas.
Nosso lindo encontro proporcionou muitas alegrias de um trabalho que nos motivava diariamente e algumas certezas sobre nossa profissão. Uma delas é a de que não somos donos do que fazemos. A arte é algo nobre, generoso, que encontra ressonância em outras pessoas e só então ela se torna completa.
Tive o privilégio de ver um ator de 73 anos com muito brilho nos olhos, com um desejo gigante de se expressar da maneira mais potente possível. Claudio tinha fome de expressão.
E como isso era estimulante!
Para ele, que vivia uma excitação de menino por um trabalho que o deixava apaixonado, e para mim, pois tive a confirmação da longevidade espiritual que a arte oferece. Me impressionava sua disponibilidade física e emocional, estava ali inteiro.
E ríamos e nos emocionávamos com cada passagem de seu personagem. A equipe estava inteira do seu lado e vibrando com sua caminhada diária rumo a um trabalho notável.
Desde pequeno eu acompanhava pela TV o trabalho desse grande ator. Nunca trabalhamos juntos em cena. Quis o destino que fosse nessa configuração, ele na frente e eu atrás das câmeras. E ali, eu ficava namorando os caminhos que ele percorria e então eu aprendia, aprendia muito em cada passo que ele dava.
E agora, com muita tristeza, nos despedimos dele, mas ao mesmo tempo com uma sensação nobre que embala o que estamos sentindo: o sentimento de que ele viveu uma última grande aventura emocional de uma maneira que só os grandes intérpretes conseguem alcançar.
Em nome de toda a equipe de Sessão de Terapia, envio nosso abraço apertado a Maria Lucia, sua companheira de toda a vida, e também a todos os seus familiares.