Vida e morte no trabalho
Sociólogo que estuda acidentes de trabalho já foi pedreiro
Reportagem: Heloisa Medeiros
O sociólogo Tom Dwyer nasceu na Nova Zelândia, e vive no Brasil há mais de 20 anos. Ele é professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e especialista em acidentes de trabalho. Escreveu o livro "Vida e morte no trabalho: acidentes de trabalho e a produção social do erro", em que mostra a situação histórica e origens da segurança do trabalho.Traça ainda um panorama de como está a situação em alguns países.Em relação à construção civil, ele fez pesquisas na Nova Zelândia e França, e iniciou observações nos canteiros de obra brasileiros. Sua inspiração para estudar as relações de trabalho veio justamente da construção civil.
E isso quando ele ainda era estudante de sociologia, em sua cidade natal,Wellington.Tom trabalhava como pedreiro para se sustentar e pagar a faculdade.Um dia, ele e um colega estavam num andaime, quando uma forte rajada de vento quase os jogou longe. Por sorte, saíram ilesos. Mas, para ele, isso acabou determinando o rumo de seus estudos voltados aos acidentes de trabalho.
Esse dia, em que quase morreu num andaime, o impressionou?
Sim, muito. O vento quase nos matou. Isso aconteceu porque esse tipo de trabalho, mais perigoso, era melhor remunerado. Ganhávamos mais para trabalhar no vento. No entanto, era uma situação tão perigosa que não deveria ser aceita como segura. Mas foi a partir desse susto que me interessei por estudar mais profundamente os acidentes de trabalho.
Como era a prevenção de acidentes nessa época, no seu país?
Existiam nos canteiros cartazes de segurança do tipo "Papai, volte pra casa". Ou "Papai, seja cuidadoso", como se tudo dependesse apenas dos trabalhadores. Mas percebi que existia um descompasso entre isso e a experiência que eu tinha passado. Na verdade,havia um prêmio (ganhar mais) para me arriscar.
E nenhum cartaz, nem fichas de acidente, falavam sobre isso. Ou seja, o problema não