vida e epoca de michael k
Neste ponto da narrativa o autor começa a nos mostrar o cenário de uma áfrica pós Aphartaid, em que o que reina é a guerra, a instabilidade, a exclusão e a miséria, neste contexto Michael é um representante da exclusão e da falta de entendimento das necessidades humanas, pobre, moroso e rejeitado por uma deformidade física que afastou as pessoas de sua convivência desde a sua infância, demonstra de fato o que é a escoria de uma sociedade que teve sua formação deformada por anos de guerra civil, Michael é um exemplo de uma “sobra” de vida, vidas que a sociedade no geral busca silenciar e esquecer. A dificuldade de comunicação que o personagem apresenta é um resquício da sua criação que se baseia num exercício de silenciamento que as crianças do Huis Norenius aprendem desde seu nascimento, Michael é submetido então à um processo que podemos chamar de “desnaturalização” da sua própria vida humana, é como se aprendesse a viver como um animal, no decorrer da narrativa Coetzee nos mostra o quanto tais características são perceptíveis e se desenvolvem na constituição psicológica de Michael.
A deficiência de linguagem do personagem reflete a precariedade de sua própria vida, uma luta sem fim e contra a qual a única coisa que o defende parece ser a sua capacidade de viver à margem, invisível como o desejam. A saga que é a vida