Vida líquida - bauman
Nesta obra de 2005, o sociólogo polaco, Zygmunt Bauman, distingue a relação intrínseca entre o que o autor chama de “Vida Líquida” e a contemporaneidade, ou sociedade – “moderna líquida”.
Marcada pela inconstância, pela ausência e\ou impossibilidade de uma forma de vida social (o que poderia caracterizá-la como mutante, porém ela termina por ser informe, pois não permite a definição de qualquer forma), pela incerteza e a não prolongação de hábitos e rotinas, essa sociedade “moderna líquida”, apresenta como objectivo o aumento do desejo pelo consumo.
Dado este que a transfigura numa indústria de eliminação de resíduos, na dialéctica entre “eternos começos” e “finais sucessivos”, o segundo enquadra-se melhor com esse objectivo, pois a velocidade ultrapassa a duração de um produto; é essencial que nada perdure (objectos) e que ninguém se apegue ou crie raízes (homens e mulheres) para que um novo panorama surja sem dificuldade ou traumas.
Bauman estabelece algumas observações e alguns debates ao longo dos sete capítulos. Karl Marx, Paul Ricoeur, Hannah Arendt, Pierre Bourdieu, Theodor W. Adorno, entre outros, são autores com os quais o sociólogo busca abrir caminhos para investigar (e ao mesmo tempo apontar a relevância das críticas tecidas por esses pensadores) como o consumo conquistou a produção e se imiscuiu em todos os aspectos da vida social.
A concepção do termo indivíduo surgiu no vocabulário ocidental no século XVII derivado do latim e evocava primordialmente o atributo da indivisibilidade; na sociedade de consumidores a individualidade ganhou cada vez mais corpo impondo-se como um privilégio sustentado pela fomentação das ideias de descobrimento pessoal e de escolhas. Porém, esse sujeito livre não escolhe inteiro e plenamente. Os problemas dessas escolhas situam-se no facto delas serem feitas numa cultura “híbrida”, na qual diferença e identidade pressupõem paradoxos nunca convergentes ou passíveis de interpelação - e que a