Vida Ativa na Grécia
Para compreender o significado da expressão "vida ativa" em Aristóteles, busco auxílio nas análises realizadas por Hannah Arendt (1993). Segundo as considerações dessa autora, a expressão vita activa designa três atividades humanas fundamentais: o labor (labor), o trabalho (poiesis) e a ação (praxis). O labor é a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano; relaciona-se às necessidades vitais produzidas e introduzidas no decorrer da existência. Com isso, a condição humana do labor é a própria vida. Ele assegura não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas a perpetuação da espécie.
O trabalho, por sua vez, é a atividade correspondente ao artificialismo da existência humana, traduz o fazer, o fabricar, o criar pela arte. É obra do homo faber, ser humano que maneja instrumentos, capaz de produzir um mundo "artificial" de coisas, nitidamente distinto de qualquer ambiente natural. O trabalho e o seu produto – o artefato humano – emprestam determinada permanência e durabilidade à futilidade da vida e ao caráter efêmero do tempo humano. Dessa forma, a condição humana do trabalho é a mundanidade.
A ação corresponde à condição humana da pluralidade e é a única atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação dos objetos ou da matéria. O recurso utilizado pelo ser humano é o discurso, a palavra: trata-se da ação no campo ético e político.