Vida Alheia
Tharsila Prates
Fofoca é coisa de pessoas que têm a vida mal resolvida e veem em outros seus próprios problemas
“Você viu Fulano hoje, como ele está?” “E Beltrano, você não sabe o que aconteceu com ele?” “Vou dizer a Ciclano que Fulano disse que Beltrano está...” Essas três situações revelam aquilo que todo mundo está careca de saber – e de fazer, infelizmente: fofocar.
É muito comum encontrar pessoas que a-do-ram falar da vida dos outros. Não se passa um minuto em que esses seres não estejam contando e especulando sobre a vida alheia – e aí o alvo pode ser o parente, o vizinho, o colega de trabalho e até o artista. Essa mania de saber o que acontece à sua volta é que financia, por exemplo, todas essas revistas de fofoca, sites, programas de TV sobre celebridades etc.
Para a psicóloga carioca Patrícia Ribeiro de Andrade, as pessoas se ocupam da vida dos outros para não tomar conta da sua própria vida. “Tem gente que só vive a vida do outro e não olha para si próprio”, afirma Patrícia.
Ela diz que a fofoca apresenta vários aspectos. Além das pessoas que se ocupam da vida dos outros ou que querem viver a vida de outros, há as que utilizam esse instrumento para prejudicar terceiros. Inventam histórias com o objetivo claro de trapacear, prejudicar alguém. O ambiente de trabalho, por ser bastante competitivo, é ideal para os maldosos de plantão.
É por isso que, baseando-se na Doutrina racionalista cristã, pode-se considerar a fofoca, o falar da vida dos outros como um vício. E como vício deve ser extirpado. Fofocar não é coisa para quem tem o que fazer, para quem está preocupado com a própria evolução, com as próprias qualidades e defeitos. Devemos estar voltados para nós mesmos. E é isso que o fofoqueiro não consegue fazer.
“Ele fala do outro para liberar uma angústia pessoal. Se você parar para pensar, o sujeito fala do outro sobre questões que são dele mesmo”, afirma a psicóloga Rosane Costa, do Rio de Janeiro.