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ENTREVISTA COM MÃE IRENE, 58, UBERLÂNDIA, 26 DE MARÇO

Bom Mãe Irene, eu quero conversar com a senhora, por que a minha idéia de pesquisa foge um pouco dos padrões de pergunta e resposta. Eu entendo que a senhora é uma fonte viva de um grande número de informações, muito mais valioso do que uma biblioteca inteira para poder conhecer a umbanda em Uberlândia.
Inclusive ontem, no lançamento do livro que estou te falando, tem um pessoal que esqueci de pegar o endereço deles. Eles estão montando uma biblioteca afro. Achei maravilhoso isso, por que Uberlândia não tem. Então as nossas crianças precisam de informação de qualquer uma coisa e não tem onde recorrer, a não ser a gente. E nem todos não sabem desse acesso que tem, por que eu sou muito aberta e liberal dentro dessa umbanda que eu cultuo.
O que é essa umbanda que a senhora cultua?
A umbanda que eu cultuou é aquela umbanda que eles dizem que é umbanda pura. Que não trabalha com corte de animais, não trabalha com cemitério, não trabalha com encruzilhada, sabe? Então nós trabalhamos mais é o bem... mais não, nós trabalhamos para o bem da humanidade. Com abertura de caminho, com a benzição, curas... é isso que a gente faz. Conselhos. Por que a umbanda hoje está muito diversificada, por que existe sim a umbanda sagrada, a umbanda divina, a umbanda exotérica. Então são enis umbandas. Esse nome umbanda saiu vários segmentos. E agora, ultimamente, a gente anda sabendo que está tendo umbandista que faz corte. Quem trabalha com a verdadeira umbanda não trabalha com corte de animais, sacrifício. Mas que ele existe, ele existe. Dentro do culto do omolokô, dentro do culto de candomblé, vamos dizer assim.
A senhora aqui não trabalha o omolokô.
Não, trabalho umbanda mesmo. Que são os preto-velhos... quem são os preto-velhos? São aqueles negros que vieram da áfrica né, então lá eles não faziam esse tipo de trabalho. Mas que ele existe, a gente não pode negar que ele existe. O sacrifício existe e ele é um dos rituais do