veus antropologia
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi estabelecida visando promover princípios como a dignidade, a liberdade, a justiça e a paz. Tendo em vista sua pretensão, poder-se-ia considerar que a citada é um modelo ideal para a humanidade seguir. No entanto, é preciso que se considere que, por ter sido proclamada pelo “mundo ocidental”, ela pode não satisfazer elementos da cultura de alguns povos fora dessa esfera. O documentário Hakani – Uma voz pela vida apresenta uma tradição indígena muito condenada pelo contexto ocidental: o infanticídio. Crianças com algum tipo de deficiência (como a menina Hakani) são, muitas vezes, consideradas sem alma, sem utilidade, e, devido a isso, são mortas. Há quem diga que tal prática não deve sofrer interferência, por ser a manifestação de uma cultura. No entanto, isso é contestável. Até que ponto uma “cultura diferente” deve ser preservada, tendo em vista que esta promove um atentado à vida? Foi criado um mito de preservação em torno de alguns povos, como os índios suruwahas, da tribo de Hakani. Parece ser motivo de orgulho ocidental deixá-los intocados, como prova da “benevolência” e “tolerância” do homem. Se realmente consideramos os índios parte integrante da sociedade e não os vemos com preconceito, devíamos respeitar suas tradições que não afetem de forma prejudicial à espécie humana – e matar crianças que nascem com algum problema não me parece poder ser incluído nesse caso – e procurar interferir nas que afetam, da mesma forma que fazemos com qualquer tipo de povo. Seria intolerável atualmente resgatar antigas tradições católicas (como a inquisição), bem como não daria para aceitar se os alemães alegassem superioridade de sua raça