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CLARICE NUNES
(. . . ) e já não há mais fronteira entre a gravura e meu corpoentre o menino e a carteira entre o que é cena primária e oque é cena brasileira Tatuado,amarelo e verde,meu corpo virou bandeira.Affonso Romano de Sant' Anna
A alusão que Affonso Romano de Sant' Anna faz à gravura em sua poesia O burro,o menino e o Estado Novo revela que a escola primária era habitada por imagens cívicas. ! Na sala de aula,sobre a mesa, Nas estantes, nas paredes havia junto como civismo um pouco de alegria e devida. A escuridão do quadro-negro era povoada por estampas. Essas estampas, muitas vezespenduradas em cavaletes, tornaram-se recurso pedagógico indispensável para a aprendizagemda redação e multiplicaram-se nas escolas primárias dos grandes centros urbanos brasileiros nofinal da década de 20 e nas décadas seguintes. Estampas que a princípio eram importadas eainda fazem renascer as memórias da infância em linguagem poética. 2 As gravuras coloridas, oplacar dos acontecimentos escolares (anunciando aniversários, doenças, despedidas, tombos,visitas, livros novos, resumo dos trabalhos de classe), o mobiliário escolar, os mapas, o copo deleite ou a sopa eram sinais de que a sala de aula já fazia concorrência vantajosa à paisagem darua. Mas nem tudo foi êxito. A resistência à modificação dos hábitos da rotina escolar permaneceuconstante no cotidiano. A escola risonha e franca tinha também versões menos luminosas, nasquais ainda se praticavam os castigos físicos e morais; nas quais se exacerbava a vigilância sobreo estado de limpeza do corpo, da roupa e dos modos dos alunos; nas quais os professoresdriblavam as autoridades pedagógicas e suas medidas de controle e avaliação dos resultadospedagógicos e os métodos oficiais de alfabetização.A bandeira em que o corpo do menino se transforma é o símbolo máximo do Brasil republicano.Ensinava o comportamento daquele que serve ao próximo, à cidade e ao país. Diante dela quemnão