Vestida de azul e branco
1 - INTRODUÇ ÃO
Ao viver urna vida inteira rodeada de professores — mãe, tia, vizinhos queridos e amigos da família — a imagem da roda chama atenção neste momento de apresentação do trabalho, por lidar muito de perto com o universo simbólico. E parece ter uma relação com a minha realização passada e presente. O simbolismo da roda, para DURAND (1989, p. 222), "antes de ser tecnicamente explorada e de se profanar em simples instrumento utilitário é, acima de tudo, engrenagem arquetipal essencial na imaginação humana" que se refere ao mundo do vir a ser, da criação contínua, da sua estrutura radial, e de seu movimento. Para JUNG (1964) e sua escola, a roda é a unidade na totalidade e se inscreve no quadro geral dos símbolos de emancipação-retorno que exprimem a evolução do universo e da pessoa. A transformação em professora se fez num continuo movimento-ação em busca da criação contínua, numa preocupação permanente pela formação e pela atuação/envolvimento/ organização no cotidiano escolar.
A vida de professora vem se apresentando muito rica de experiências, a começar pelo berço natal, em Sobral, uma pequena cidade do interior do Ceará, nordeste do Brasil, distante dos centros considerados mais desenvolvidos. Pela minha experiência do mundo das séries iniciais do ensino fundamental até a pós-graduação Lato Senso, a escola foi sempre um palco, um habitat profissional, onde se fez o ser professora e o sentir a objetividade e a subjetividade do ato pedagógico, no cotidiano das relações da/na escola.
Na minha vivência nas instituições educacionais, percebi urna atenção especial ao burocrático, aos currículos, aos diários de classe devidamente preenchidos, aos horários, à ordem estabelecida, às filas, às normas, às leis. O professor, de modo geral, permanecia subordinado a e controlado por estatutos que determinavam suas formas de ser e agir na instituição escolar. A escola se organiza, quase sempre, segundo