Verde que te quero Cabo Verde: breve olhar sobre a possibilidade de uma utopia.
Madalena Zaccara. Prof.Dr.
Considerações a guisa de introdução
Observamos, hoje, inclusive no universo dos países industrializados, um conjunto convergente de fenômenos comuns: aumento do desemprego, precarização do trabalho e dificuldades no que diz respeito aos sistemas de cobertura dos riscos sociais. Essa condição de desintegração social gera um aumento no número de pessoas socialmente isoladas, degradação dos modos de vida e, principalmente, uma exclusão social que se agrava cada vez mais contundentemente.
Não se trata só de pobreza e é importante refletir sobre isto. Robert Castel (2000, p.25) é um dos teóricos que nos esclarece de como “a exclusão não consiste unicamente na pobreza, pois existe uma pobreza integrada. Também não é só subordinação social, pois esta pode proporcionar lutas e formas de organização”. Para ele trata-se da fragilização das formas tradicionais de socialização que conduzem ao isolamento social. Então, “ser excluído significa encontrar-se simultaneamente fora da ordem do trabalho e fora das redes concretas de solidariedade”.
Essa camada social, a dos excluídos, ocupa uma posição que pode ser comparada a dos vagabundos das sociedades pré-industriais. Ambos não têm utilidade social em um sistema econômico onde reina absoluta, a preponderância do mercado e da competitividade. O discurso da solidariedade social não faz parte desta lógica. Trata-se de uma mudança cada vez mais radical na sociedade capitalista.
Para Christian Marazzi (2000, p. 43) “o novo pauperismo é a expressão da diferença de medida entre a distribuição dos recursos e a cidadania”. Já segundo Zygmunt Bauman estabelece-se uma distinção na forma de tratar os excluídos, esses novos pobres, que ele denomina de “estranhos”, em um espaço de tempo histórico relativamente recente. Diz ele que:
A diferença essencial entre as modalidades socialmente produzidas de estranhos modernos e