Segundo Carl von Clausewitz, a guerra é um instrumento político, uma vez que é a continuação da política por outros meios. Esse aspecto da guerra torna tal conflito distinto da violência despropositada e desordenada (CLAUSEWITZ apud, BULL, 2002). Hedley Bull ressalta ainda que a guerra é um tipo de violência que só pode ser considerada como guerra em si (e não apenas como violência) se for executada entre unidades políticas (Estados). Dessa forma, o autor demonstra que há uma clara intenção de limitar o uso da guerra (e a própria legitimidade de seu propósito) às unidades políticas (BULL, 2002). Tais mecanismos limitam tanto no sentido de definir quem pode declarar guerra, as razões para declarar a guerra (jus ad bellum) e mesmo a própria condução da guerra e respeito à neutralidade de certos Estados (jus in bellum). Para Bull, a guerra pode servir para garantir a integridade e a independência dos Estados (o que acontece em guerras preventivas, por exemplo), propagação ideológica (via doutrinação no exterior, o que pode ser observado no contexto da Guerra Fria) e mesmo busca de vantagens econômicas (BULL, 2002). Norman Angell, por sua vez, refuta a ideia de que a guerra é um instrumento eficaz na busca de uma vantagem econômica, particularmente, criticando a noção de conquista. De acordo com o autor, a guerra não pode nem destruir o comércio de um país, nem se beneficiar da conquista de suas riquezas. Não destrói porque o comércio de uma nação se baseia em suas riquezas e na existência de uma população que possa utilizá-las. A destruição da população, consequentemente, é a destruição de um mercado em potencial, o que não é viável para o conquistador. Não se pode ter benefício com a tomada da riqueza de outro país porque a anexação de tal riqueza não enriquece o cidadão do Estado conquistador (ANGELL,2002) . Portanto, para Angell a noção de que a guerra serve como instrumento de conquista para uma vantagem econômica é uma falácia. A guerra não origina um