Verbete "trabalho" de Le Goff
Mauricio Francisco dos Santos.
Curitiba, 2014.
Jacques le Goff (1924), considerado um dos mais importantes historiadores franceses. Ligado ao movimento da Escola dos Anales, sucedeu Fernand Braudel no comando da Ècole de Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Especialista em Idade Media, realizou diversos estudos sobre Mentalidade e Antropologia histórica do Ocidente Medieval. Dentre suas obras, destaca-se o “Dicionário Temático do Ocidente Medieval” (2001), escrito em parceria com Jean-Claude Schmitt. Esta obra caracteriza-se pela variedade de historiadores que compreendem a historiografia contemporânea como Bernard Guenée, Alain Guerreau, Chistiane Klapisch-Zuber, Otto Gerhard Oexle, Jacques Verger entre outros. O livro examina os temas por meio de Verbetes, (que não seguem uma forma breve dos textos de dicionários comuns) sendo verdadeiros ensaios com temas “chaves” da Idade Média; um deles é sobre “Trabalho”, qual iremos destacar nesta resenha.
Em um primeiro momento, Le Goff apresenta o sentido moderno de trabalho, que surgiu no fim do século XV e, seu teor atual (trabalho e industrialização) no século XIX. Porém, na Idade Média segundo Le Goff, o trabalho é no plano vocabulário dos pensamentos e das mentalidades, designado por um “campo semântico” oscilante entre dois polos: “seu aspecto penoso e não nobre e seu aspecto positivo, honroso e criador”. Segundo o autor, o “campo semântico” oscila de uma língua à outra, de modo que o sentido da palavra “trabalho” alcança vários aspectos no decorrer da Idade Média, (principalmente nas concepções e significados da mesma, em Latim, Frances, Italiano, Espanhol entre outras).
Para Le Goff, a Idade Média é um dos períodos mais criativos, importantes e decisivos do Ocidente, uma vez que grandes transformações nas técnicas rurais, (arados; sistemas de atrelagem para cavalos e bois; surgimento de grandes carroças com quatro rodas entre outras)